Secos e Molhados y Julio Cortázar: la danza que ninguna Isadora danzó



Estava ouvindo Secos e Molhados, volume II, de 1974. Eis que a primeira música do álbum, Tercer mundo, é um fragmento de La prosa del observatorio, de Julio Cortázar, musicalizado por João Ricardo.
Os álbuns (o primeiro volume é de 1973) trazem musicalizações de poemas de Vinícius de Moraes, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Fernando Pessoa e João Apolinário (poeta e jornalista português, pai de João Ricardo). A proposta de mistura de ritmos e influências musicais assusta na teoria, porém, na prática, é impossível ouvir os álbuns uma única vez.
Trago um fragmento do texto de Cortázar; a parte musicada por João Ricardo, e cantada divinamente por Ney Matogrosso; e uma proposta de tradução.

Fragmento de la obra La prosa del observatorio, de Julio Cortázar:

(…) Todavía no hemos aprendido a hacer el amor, a respirar el polen de la vida, a despojar a la muerte de su traje de culpas y de deudas; todavía hay muchas guerras por delante, Acteón, los colmillos volverán a clavarse en tus muslos, en tu sexo, en tu garganta; todavía no hemos hallado el ritmo de la serpiente negra, estamos en la mera piel del mundo y del hombre. Ahí, no lejos, las anguilas laten su inmenso pulso, su planetario giro, todo espera el ingreso en una danza que ninguna Isadora danzó nunca de este lado del mundo, tercer mundo global del hombre sin orillas, chapoteador de historia, víspera de sí mismo.


Fragmento musicalizado por João Ricardo, Secos e Molhados:

Tercer mundo (Secos e Molhados, volume II, 1974) 

Ahí, no lejos,
las anguilas laten
su inmenso pulso,
su planetario giro,

todo espera el ingreso
en una danza
que ninguna Isadora danzó

nunca de este lado del mundo,
tercer mundo global

del hombre sin orillas,
chapoteador de historia,
víspera de sí mismo.


Proposta de tradução, janeiro de 2018:

Terceiro mundo

Aí, não longe,
as enguias latejam
seu imenso pulsar,
sua planetária volta,

tudo aguarda a entrada
em uma dança
que nenhuma Isadora dançou

nunca deste lado do mundo,
terceiro mundo global

do homem sem bordas,
que chapinha histórias,
véspera de si mesmo.









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